O maior problema do homem é ele mesmo, e de vez em quando essa situação se inverte...

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domingo, 10 de outubro de 2010

Como curar uma lésbica


Irmã Fátima, crente fiel, dado a cultos matutinos e jujuns uma vez por semana. Bíblias tinha umas doze, marcadas com lápis, canetas, marca texto, lápis de cor e papeizinhos aos montes, um orgulho que deixava na estante para espanto dos novos e velhos crentes que admiravam a fé da senhorinha de grandes rugas e fala mansa.
Já tinha vista uns quinze pastores passarem pela igreja, de uns se lembrava com saudades e de outros tantos nem mencionva os nomes para não contaminar a boca.
Lugar cativo na igreja: terceiro banco da fila da direita de quem entra, do lado do corredor, ótimo lugar para ver e ouvir, sem ser incomodada pelo barulho da bateria.
Era uma santa sem tirar nem pôr...
Ninguem de sua grande familia a acompanhava, nem na fé e nem na igreja "são do mundo", dizia sempre.
Mas o pior estava por vir. Sua neta, aquela que tinha perdido a mãe logo cedo, resolveu dizer que era "sapatão"... Nossa como essa palavra lhe ofendia os santos ouvidos, aceitaria tudo, um filho aleijado, outro preso, uma neta prostituta ou drogada, mas isso? uma neta sapatão?? nunca!
Resolveu culpar alguém, para que a culpa não lhe caísse como sangue nas mãos. Pegou um ex-genro para bode expiatório. Seria dela a culpa, seria dele, porque tem amigas lésbicas, que influenciou sua doce netinha para o caminho do pecado mortal...
Mas mesmo assim não conseguia ficar em paz. Trancou a menina por dias no quarto, orava em voz alta e o jejum passou a tres vezes por semana até ao meio dia das terças, quintas e sábados. Pediu oração na igreja, queria uma semana de cultos matutinos, que o pastor (aquele herege) não aceitou, e mandou a menina para uma psicóloga...
Mas nada adiantou, a menina não ficou curada...
Dizia que gostava de mulher, que queria namorar com Alessandra...
Era osso duro de roer...
Não viu outra alternativa, senão radicalizar...
Em conversa com a mulher da padaria ouviu a seguinte frase:
"Ela é assim, dona Fátima, porque a senhora prendeu ela muito, nunca ficou com um homem, pois no dia que experimentar um homem deixa essa conversa de lado..."
Mas onde encontraria um homem para resolver seu problema...
Orou muito, e tome jejum, e tome culto...
Até que um dia "deus" lhe envou um anjo, um rapaz de bem, que era filho do diácono mas respeitado da igreja, por nome Miguel...
Chamou ele para um almoço, apresentou a neta, que cada vez mais magra, resolveu fazer de conta que não entendia os planos da avó, se deixou levar...
Miguel foi se tornando íntimo, e cada vez mais a vontade, às vezes a velha deixavam os dois à sós por longos períodos. Parecia que tudo ia como ela havia planejado...
Augusta (a neta) foi tomando gosto pelo rapaz, começou a lhe confidenciar algumas coisas e deixou claro o plano da avó para curar de sua "sapatonice".
Miguel se mostrou surpreso e lhe confessou que não conseguia sentir atração por mulheres, frequentava aquela casa por causa do irmão dela (o Carlos, que curtia música funk e tinha o cabelo cortado como se fora um emo). Despois das devidas confidências fizeram um acordo: começaram a namorar de "faxada".
Hoje Miguel e Carlos são um lindo casal (às escondidas)
Augusta não conseguiu ficar com Alessandra mas está começando a investir em Ananda, que mora ao lado e é filha do pastor dos jovens.
Irmã Fátima já fez dois cultos de ação de graça pela cura da neta, que agora namora o abençoado Miguel.
E assim segue a humanidade.

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